Tempo morte

“Desde que nasci, comigo: Tempo-Morte. Procurar-te é estar montado sobre um leopardo e tentar caçá-lo.

Hilda Hilst

Tenho pensado muito no tempo, acredito que desde meus 31 ou 32 anos. Por quê? Por causa das minhas linhas de expressão (principalmente). Os mais velhos tem rugas. Os mais novos tem essas linhas em baixo e na lateral dos olhos e no “bigode chinês”. Também vão surgindo no pescoço. São antiestéticas. Por isso incomodam. Mas nos fazem um grande favor: perceber que o tempo está passando.

Sim, porque quando passamos dos 19 para os 24 anos, no geral, não faz diferença. No dia que nossa aparência muda, começamos de fato a sentir. O tempo está passando, estou envelhecendo. A juventude acaba, a aparência muda. A maneira com que vão nos tratar é outra, os jovens agora não somos nós, dar-se conta que viramos “tios” é um pouco embaraçoso, mas necessário, não só para não cometer gafes sociais, como ir na festa dos adolescentes e fazer papelão, mas por um motivo mesmo importante, que é viver como um adulto afinal, assumir responsabilidades e ser relevante, finalmente.

MAS o mais importante ainda não falei: a morte.

O mais importante em envelhecer é percebermos que a morte vai chegar. Na verdade não precisamos achar que será quando tivermos 100 anos. Ela pode vir mês de vem num acidente de trânsito ou num assalto, por exemplo. Mas romper com essa ilusão de que ficaremos vivendo essa mesma vida para sempre é urgente!

Não apenas porque a vida de fato muda todos os dias e exige certo heroísmo de nós em alguns momentos, mas porque a morte de fato virá e não devemos virar a cara para ela, mas de preferência nos prepararmos para vive-la com dignidade como Ivan Ilitch. Ao pensar na morte revemos o jeito que estamos vivendo e, quem sabe, consigamos ter o privilégio de estarmos lúcidos nas nossas últimas horas.

Melhor ainda se acreditamos que existe vida após a morte, para pensarmos bem no nosso comportamento enquanto dá tempo e assim possamos pedir ajuda divina para nossas últimas horas, caso contrário podemos esperar aquele letreiro:

“Vós que entrais, abandonai toda a esperança.”

(Dante Alighieri  – A Divina Comédia)

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Como não poderia faltar, deixo aqui alguns livros para pensar no tema:

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Autor

  • Suzana Sant'Anna

    Sou youtuber do canal Lendo enquanto há tempo. Gosto de recomendar aquilo que estou lendo. Gosto de organização e outros temas da vida, o universo e tudo mais.

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