Estou lendo diários de Sylvia Plath e refletindo sobre a verdade escrita num diário. Já ouvi opiniões de que o diário é um relato honesto, pois ali o sujeito não está preocupado com quem irá ler ou que vai pensar, pode dizer o que pensa sem julgamentos. Bem, concordo com isso.
No entanto tenho uma observação. No seu diário Sylvia escreve o seguinte: “Depois que algo acontece com você e chega a hora de registrar isso, você dramatiza exageradamente ou minimiza o ocorrido, exagera nas partes erradas e ignora as importantes.” Entendo que Sylvia diz isso porque no momento em que escrevemos situações significativas que passamos, acabamos por jogar nas folhas as emoções fortes dos momentos, as páginas ficam carregadas de sentimentos, que constituirão um juízo prévio sobre o que foi vivido. No entanto, se analisarmos na nossa própria vida, os juízos que fazemos no “calor da emoção” acabam passando e quando a “poeira baixa” nós começamos a analisar melhor a situação e reconsiderar o que aconteceu com mais razoabilidade.
Assim, entendo que ao ler o que está escrito num diário, por vezes, não temos a realidade do que um indivíduo realmente pensa da vida. Muitas vezes as ponderações ocorrem, mas não são registradas.
Um exemplo de que me recordo de ponderação está no famoso Diário de Anne Frank (Várias opões do Diário de Anne Frank nesse link: https://amzn.to/3EdK9Yi), em que passado muito tempo de registros Anne relata ter relido suas anotações e percebido quão injusta havia sido com sua mãe em seus julgamentos e quão imatura estava agindo em certas ocasiões.
Mas claro que tudo isso escrevo apenas como reflexão sobre as leituras de diários, e não porque eu não aprecie esse tipo de leitura. Na verdade gosto bastante de diários, não só porque eu escrevi dos meus 10 aos 30 anos, mas porque gosto de ver a riqueza da observação do indivíduo em relação ao seu cotidiano.
E você, já leu algum diário ou escreveu diários?
Veja esse post também em que falei sobre Sylvia Plath
