Bem, está acontecendo, estou vivendo na chácara. Há tempos atrás escrevi artigos falando da minha vontade nutrida de viver em algum lugar afastado como um sítio ou uma chácara. Pois eu não podia imaginar que isso estava prestes a acontecer. Foi um presente dos céus, acredito. Ainda não me mudei definitivamente, há um caminho para isso acontecer, se correr tudo bem. Mas quero dividir com vocês um pouco do sentimento, caso alguém esteja pensando na mesma coisa.
Um dia na chácara
É muito bonito ao acordar contemplar todo o verde ao redor da casa, com sol ou sem. Não ter nenhum vizinho colado à nós dá uma sensação de liberdade. Quando saio na rua e lembro das tarefas que devem ser feitas diariamente fico feliz com isso. Ir até o galinheiro e pegar ovos caipira, poder comê-los com aquela gema bem laranja numa torrada no café tem um gosto especial. Poder descer na horta e pegar a própria salada é muito recompensador. O canto dos pássaros, uma volta no quintal no meio da tarde, fazer uma refeição na mesa da rua, ver meu filho brincar à vontade pelo pátio é tudo o que eu queria.
Trabalho pela frente
Muitas são as coisas que devem ser feitas nessa casa antes de uma mudança definitiva. Arrumar, pintar, comprar e gastar dinheiro são alguns dos desafios que temos pela frente. Não estar aqui o tempo todo exige vai e volta. É preciso respirar fundo, ter paciência (coisa que não tenho muito) e ter planejamento. Não colocar a carroça na frente dos bois. Pensar que um dia desses poderei andar sozinha pelo meu jardim com um livro e respirar o ar puro vai ser um conforto que não mereço, que poucos tem, mas que aprecio de mais.
Distância
Uma das coisas que já estamos sentindo passando uns dias na chácara, que vai acontecer é que mesmo não sendo muito longe, já é longe o suficiente para nos afastar de certas pessoas, lugares, encontros, funções. Não definitivamente, claro. Mas o bastante para diminuir a frequência. Faz parte, são escolhas. O que acho bom é ter um refúgio para os amigos, quando esses também precisarem se despressurizar do agito.
Uma poesia
Que seja nossa um dia
A casa que eu, senhor,
Imaginei
Para viver convosco
Em alegria.
Que tenha uma varanda
E uma roseira
E por perto
Uma fonte esquecida
Na clareira.