As Irmãs Brontë são conhecidas por suas obras literárias atemporais, mas o aspecto da fé cristã em sua escrita é muitas vezes esquecido. O que mais escuto falar é que as irmãs Brontë foram feministas e trabalharam a questão do “empoderamento feminino” em suas obras. Até não discuto as questões importantes sobre a liberdade e poder de decisão de suas personagens, no entanto não entendo como uma feminista consegue ler questões tão profundas de fé discutidas nos livros das irmãs e achar que isso é mero estilismo.
A Família Brontë e a Fé Cristã
Para compreender a influência da fé cristã na escrita das irmãs Brontë, é fundamental conhecer sua origem. Elas cresceram em uma família paroquial em Haworth, na Inglaterra, onde o pai era um reverendo. A fé era uma parte central de suas vidas desde a infância.
A Educação Religiosa
As irmãs Brontë receberam uma educação religiosa sólida em casa. Seu pai, um estudioso religioso, tinha uma vasta biblioteca que incluía obras teológicas, o que permitiu às irmãs familiarizarem-se com os princípios e dogmas do cristianismo desde cedo.
Reflexões sobre fidelidade e vida eterna
Lembro que eu estava lendo “A Inquilina de Wildfell Hall” e me deparei com um diálogo em que a personagem principal, Helen, argumenta que não pode viver um amor extraconjugal, pois seria melhor esperarem o dia em que pudessem se amar no Paraíso, na vida eterna e não caírem em pecado. Uma reflexão assim certamente em desuso hoje, em que a traição é incentivada desde que para busca da própria felicidade. E claro, questões como vida eterna nem entram nos assuntos contemporâneos, em que o importante é o agora.
Arrependimento
Em Jane Eyre, um dos momentos mais tocantes para mim é quando o sr Rochester diz para Jane que percebeu a mão de Deus em suas tribulações, mais adiante ele faz a seguinte oração: “Agradeço ao meu Criador por Sua misericórdia. Peço humildemente ao meu Redentor que me dê forçar para prosseguir, daqui por diante, vivendo uma vida mais pura e digna do que vivi até agora!”
Perdão
Ainda em Jane Eyre, percebemos a questão da prática de perdão que a virtuosa Jane vai nos mostrar ao perdoar seus antigos malfeitores.
A Crítica Social e a Caridade Cristã
A fé cristã também inspirou as irmãs Brontë a abordar questões sociais em suas obras. Charlotte, por exemplo, criticou duramente a exploração infantil na época vitoriana em “Shirley” e enfatizou a importância da caridade cristã.
A Fé Cristã nas Palavras das Irmãs Brontë
Embora as irmãs Brontë sejam mais conhecidas por sua contribuição à literatura inglesa, sua fé cristã desempenhou um papel fundamental em sua escrita. A espiritualidade permeia suas obras de maneira sutil e profunda, enriquecendo-as com reflexões sobre a moralidade, a redenção e a eternidade.
Ao explorar os temas religiosos presentes nas obras das Brontë, podemos apreciar uma dimensão adicional de sua escrita. Sua capacidade de combinar narrativas envolventes com valores cristãos é um testemunho de seu talento literário e de sua profunda fé. Então, da próxima vez que você ler uma obra das irmãs Brontë, lembre-se de como a fé cristã moldou suas palavras e suas vidas, adicionando uma camada extra de significado às suas histórias.