Existem muitas listas de livros clássicos que todos deveriam ler, ou melhores livros clássicos já escritos, ou livros que vão mudar a sua vida. Eu prefiro escrever sobre livros clássicos que realmente li. Aí vai a minha lista de sugestões para você aumentar sua prateleira.
O Continente – Érico Veríssimo
Quem me conhece já cansou de me ouvir falar dessa obra prima aqui do sul. O Continente, da Trilogia “O Tempo e o Vento” de Érico Veríssimo é nossa Epopeia Gaúcha. Por meio das gerações da família Terra Cambará você vai acompanhar o desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul com essa ficção cheia de guerras, romances, dramas e alegrias muito envolvente. Para mim é o melhor dentre todos os livros clássicos. (Tem vídeo meu no Youtube falando sobre O Continente)
O Sol é para todos – Harper Lee
Li recentemente, e tardiamente. Ambientado no sul do Estados Unidos numa época de intenso racismo, as crianças dessa história irão te contar sobre suas descobertas da vida, inclusive de temas pesados como o racismo, mas tudo com uma linguagem leve como só uma criança poderia ter. Filho único da Harper Lee, o livro tem tido seu valor posto a prova por meio de críticas envolvendo “o heroísmo branco para salvar um homem negro”. Na minha opinião a história foi muito bem escrita e com grande sensibilidade. Lee escreve sobre o ambiente no qual cresceu, onde, infelizmente, os negros não tinham as mesmas possibilidades de um branco, no entanto a discussão sobre como vencer um preconceito movendo o coração das pessoas é muito válida. Harper Lee compreendeu que certas coisas não mudam à ponta de faca, apenas se houver uma mudança no interior do ser humano.
Vale muito a pena a leitura.
E o vento levou – Margaret Mitchell
Já que estamos na polêmica de livros clássicos que não deveriam ser lidos, aqui no maravilhoso “E o vento levou” Margaret Mitchell vai abordar a guerra civil americana na visão conhecidamente racista do sul dos Estados Unidos. Nesse livro existe clara condecendência à visão anti abolicionista que havia no sul, além de uma passada de panos no grupo conhecido como Ku Klux Klan. Mais uma vez venho defender que essa obra seja lida! Não precisamos concordar com tudo, esse livro tem a riqueza de mostrar a visão, equivocada, de como pensava um habitante do sul dos Estados Unidos na guerra civil americana. Que oportunidade, em? Por que os livros precisam sempre ter uma moral tão bem explicada? A própria personagem principal, Scarlett O’Hara, é controversa por sua maneira colérica e egoísta de agir, que a torna tão atrativa. (veja o vídeo)
Se recomendo? Claro que sim! Aliás, o filme também é uma obra prima!
Crime e castigo – Fiódor Dostoiévski
Recomendo um dos livros clássicos mais famosos de Dostoiévski? Sim. Apesar de não ter gostado da forma de narrativa do autor, pois achei perturbadora. Muito embora essa possa ser uma estratégia muito bem utilizada, uma vez que acompanhamos a consciência perturbada de Raskólnikov pelo crime que cometeu. Fiquei um pouco aliviada de saber que escritores como Nabokov também tinha críticas ao seu conterrâneo. Ufa, se não eu não teria credibilidade nenhuma de não gostar muito da narrativa, não é? No entanto recomendo, as reflexões sobre como as ideologias fazem as cabeça das pessoas é muito importante. Até que ponto uma causa faz perdermos nossos valores morais e religiosos?
Lolita – Vladimir Nabokov
Assim como “Dom Casmurro”, esse livro super polêmico de Nabokov vai nos trazer um texto e um sub texto. Só o leitor atento vai compreender o que está sendo dito pelo narrador em primeira pessoa, Humbert Humbert, e o que está sendo contado nas entrelinhas. Efeito causado pelo clássico de Machado de Assis, aqui Humbert, pedófilo assumido, vai fazer as vezes de Bentinho e nos deixar confusos em relação a Lolita, bem como Capitu se tornou personagem controversa até os dias de hoje. (veja o vídeo)
Anna Kariênina – Leon Tolstói
Na linha de escritores russos que tenho vindo até aqui, recomendo dentre tantos livros clássicos escritos por Tolstói, Anna Kariênina. Um novelão com amor, traição, mas também recheado de filosofia, política e belas descrições feitas por Tolstói. Esse livro trará belas reflexões sobre o casamento. Ao contrário de Lolita que não pretende trazer um personagem que conte a “moral da história” ou que passe uma mensagem clara, aqui Tolstói tenta sim moralizar o leitor. Achei uma leitura agradável e recomendo muito.
1984 – George Orwell
Clássica distopia, esse livro foi muito impactante para mim. Triste reconhecer tantas semelhanças desse totalitarismo descrito por Orwell com nosso mundo e no nosso país. Nessa história, o “Ministério da Verdade”, órgão criado pelo super governo, escreve as notícias que tem por real finalidade distorcer a verdade diversas vezes até que a noção de realidade dos indivíduos seja nula. Lembrei de nossas CPIs de Fake News, com seus indivíduos capazes de filtrar para nós o que é verdade e o que é mentira, o que seria de nós sem eles?
Um livro com coisas bem difíceis de digerir, mas que me prendeu do início ao fim, um clássico dos livros clássicos diatópicos sem dúvida, não deixe de ler!
Um Conto de Natal – Charles Dickens
Charles Dickens é conhecido por suas obras volumosas, grandes “calhamaços”. No entanto, eu li um livro pequeno, que é Um Conto de Natal, mas não acredite que por seu pouco número de páginas o conteúdo deixe a desejar. Essa pequena e linda obra me fez refletir sobre o valor da vida, e claro, do natal também. Com muita delicadeza lemos os três espíritos do Natal que visitam Scrooge e fazem com que ele, e nós também, mudemos nossa perspectiva.
A Inquilina de Windfell Hall – Anne Brontë
As três irmãs Brontë são conhecidas por terem desenvolvido alguns dom melhores livros clássicos da literatura. Um dos que mais gostei foi criação da Anne. Esse livro trará uma questão que não é fácil de resolver até hoje, acredito que o termo legal que empregamos seja “alienação paternal”. Por uma série de abusos e alcoolismo por parte do marido de Helen, essa mãe escolhe fugir de casa na tentiva de dar uma vida melhor para seu filho. Ao contrário do que o povo tem dito sobre esse livro ultimamente, sobre ser feminista, entendo ele com uma abordagem bem cristã e conservadora como o eram as irmãs Brontë, onde questões como adultério, valor do casamento e criação dos filhos são muito bem debatidos em moldes bem tradicionais.
Eu gostei muito!
Emma – Jane Austen
Muito enfadonho, mas eu recomendo. No fim das contas em Emma se discute o valor de um verdadeiro homem, o casamento e o valor das pessoas, independente de suas classes sociais. Para quem não conhece o enredo, será que ajudaria lembrar que o clássico da sessão da tarde “As Patricinhas de Beverly Hills” é uma adaptação da história de Austen? O filme me entreteve bem mais que o livro, mas ainda sim, grande clássico, vale colocar na lista. (veja aqui a resenha no canal)
O que achou dessas recomendações? Não deixe de conferir esse outro post com sugestões de leituras.